MÚSICA EM CAMPO GRANDE


Por Eronildo Barbosa*
Campo grande é uma cidade que apresenta crescente atividade cultural, tendo como destaque, a meu ver, a música. São vários os ritmos e estilos apreciados pela população. Não são poucos os bares e casas noturnas que oferecem som ao vivo.
Ninguém pode reclamar. Com muita facilidade o interessado encontra algum artista tocando sertanejo, pagode, ou aquilo que se costuma chamar de MPB. As canções de origem platina também são apreciadas.
As emissoras de rádio, embora se note uma predileção muito acentuada pelo sertanejo universitário, permite aos ouvintes curtir razoável programação. Já foi melhor. Luis Humberto Aspesi e Lizoel Costa estão fazendo uma grande falta. Seus programas de rádio eram trincheiras avançadas da música de qualidade.
Essa diversidade musical que a cidade apresenta não é uma coisa nova. No inicio do século passado já havia muita música na cidade morena. As preferidas eram: chamamé, polca e guarânia. As ruas 15 de Novembro, Afonso Pena e Sete de Setembro eram os lugares apreciados pelos boêmios e músicos. Nelas concentravam-se os principais bares e cabarés.
O problema, nessa época, era que os músicos não eram vistos com bons olhos pelas autoridades da comarca. Tanto que em 1905 a Câmara Municipal de Campo Grande fez constar no código de postura um capitulo especifico para eles. O texto afirmava claramente que era proibido “fazer sambas, catiretes, ou outros quaisquer brinquedos que produzam estrondo ou vozeria dentro da Villa”(Revista Arca, número 05, 1995).
Além dos estilos já mencionados, claro, alguns privilegiados ouviam música erudita executada pela fanfarra de cavalaria do exército. As retretas na Praça Ari Coelho era um show à parte. Registram-se também as habilidades do violonista Kalil Rahe responsável pela criação da primeira Orquestra Sinfônica de Campo Grande.
Esse gosto pela música ensejou que, em dezembro de 1924, um grupo de jovens criasse o Radio Clube de Campo Grande. Era uma forma de ouvir os últimos sucessos e notícias.
Passados quase um século dos episódios aqui narrados a ligação da cidade com a música continua em plena ascensão. O legado deixado pelos primeiros habitantes encontrou solo fértil e deu bons resultados.
Campo Grande, hoje, possui um estoque acentuado de bons músicos. Em qualquer estilo se encontra verdadeiras feras. Pena que muitos talentos ainda sejam desconhecidos do grande público.
Encerrando, ofereço uma dica para os que curtem Chico, Caetano, João Gilberto, Paulino da Viola, Jacson do Pandeiro, Djavan, entre outros monstros sagrados da musica nacional e internacional.
Todo sábado, a partir do meio dia, músicos como Galvão, Beko, Samurai, Geraldão, Zé Pretim, Vandir Barreto, Maestro Assis, Zeca do Trombone estão no Bar da Madá, na Vila Carvalho. O amigo Lucio Val, doravante, não vai mais comparecer, porém, de longe, está torcendo pela boa música.
*Eronildo Barbosa é pós-graduado em Educação, economista, historiador e escritor e um puta amigo(a parte boa)
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